Hoje vamos ver os resultados de escolaridade. O gráfico abaixo mostra o maior grau alcançado por cada participante. Como podemos ver, a grande maioria dos participantes tem graduação em alguma área relacionada à computação. Apenas um dos participantes tinha doutorado e, portanto, não aparece nos resultados. Aliás, isso reforça minha triste suspeita de que há muito poucos doutores no Brasil envolvidos em atividades de programação.
Mais interessante é o gráfico de salários médios. Como podemos ver, o salário médio cresce de acordo com a escolaridade. Parece bom, mas isso nos leva a uma pergunta: quanto vale, por exemplo, um mestrado?
Para responder a essa pergunta, vamos considerar apenas a região Sudeste para reduzirmos os efeitos regionais. A média salarial do graduado no Sudeste é de R$ 3.586,00. Já a média salarial do mestre é de R$ 5.107,00. A diferença é de R$ 1.521,00. Suponhamos que essa diferença se mantenha constante ao longo da carreira. Se o programador obtém o mestrado aos 25 anos e trabalha até os 60 anos, são 35 anos * 12 meses * R$ 1.521,00 = R$ 638.820,00. Ou seja, vale a pena fazer o mestrado, mesmo que você tenha de fazer um empréstimo no banco para pagar.
É claro que não podemos ter certeza que há uma relação causal entre escolaridade e salário - pode ser que haja algum terceiro fator que ao mesmo tempo leva a pessoa a buscar um grau maior de escolaridade e a ter um emprego melhor. Não é garantido que fazer um mestrado ou uma pós vá melhorar seu salário.
Aliás, eu sempre digo isso quando faço em universidades minha palestra sobre o que fazer depois de se formar: um diploma ou outro título te ajuda a conseguir um emprego, mas não te ajuda a ficar nele. Não leva mais do que três meses para um empregador perceber se o diploma é só um pedaço de papel ou se tem valor real.
quarta-feira, 24 de março de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
Para que serve o teste de software?
No final de janeiro eu fui a Melbourne (na Florida, não na Austrália) participar do Workshop on Teaching Software Testing, onde professores acadêmicos, instrutores de cursos em empresas e testadores praticantes da indústria se reuniram para trocar suas experiências sobre ensino de teste. O tema de discussão este ano era o teste com base no código. Éramos 22 participantes dos Estados Unidos, Canada e eu do Brasil. Seguem alguns pontos que foram abordados nas discussões e que eu achei relevantes.
A maioria dos programadores e principalmente estudantes norte-americanos dos programas de graduação em Engenharia de Software não acham que precisam testar seus programas com rigor - aqui rigor não significa nem formalismo matemático, nem exaustão, uma vez que é impossível, mas sim uma forma sistemática do programador testar seus programas munido de técnicas apropriadas. A maioria dos programadores dá um tiro no próprio pé fazendo alguns poucos testes aleatórios. Por mais que a universidade tente mostrar a necessidade e que o teste seja também papel do desenvolvedor/programador, os alunos só se convencem disso quando vão para o mercado.
As experiências no ensino de desenvolvimento dirigido por testes (TDD) são frustrantes. A maior parte dos alunos não utiliza a metodologia pois TDD não pode ser considerada um técnica por si só. E uma vez que é apenas uma metodologia, é dificil para os professores exigirem dos alunos a aplicação da mesma. Mesmo sabendo que serão penalizados, os alunos não aplicam o TDD e só criam os casos de teste após terem escrito o código. Estou falando de TDD quando o assunto é teste, mas sabemos que as grandes contribuições de TDD estão na evolução de um bom projeto, no entendimento maior do problema em questão antes da codificação. Desta forma, os alunos que imaginam que só precisam criar casos de teste e que tanto faz antes como depois do código perdem o melhor da metodologia. São os profissionais com essa atitude que chegam ao mercado. Se TDD fosse aplicado desde as primeiras disciplinas de programação, talvez assim os alunos percebessem a
vantagem da abordagem. Algumas universidades americanas vão investir neste caminho.
No passado, teste servia o propósito limitado de detectar erros nos programas. Através da quatidade de erros encontrados no programa era possível derivar dos testes um indicador da qualidade do programa. Esse era o tempo em que os programas eram monolíticos ou compostos de pequenos módulos. Hoje em dia cada componente utilizado é de uma complexidade grande e possui suas próprias características intrínsecas. Princípios de ocultação de informacao e interfaces bem definidas foram aplicados e a engenharia de software se orgulha destes avanços. No entanto, o comportamento de um determinado módulo ou componente precisa ser descoberto pelo programador que usa este módulo ou componente, e a maneira de descobrir este comportamento é através de testes. Muitas vezes a documentação é escassa ou descreve bem o que se espera que o componente faça, mas na verdade o comportamento dele é um pouco diferente. Este propósito do teste de descobrir ou certificar o comportamento dos componentes é completamente diferente do propósito de detectar defeitos. Quais técnicas de teste devem ser usadas neste caso?
Produzir casos de teste relevantes continua sendo o problema mais difícil de se resolver em testes, principalmente no teste considerando o código. Como o Torsten disse anteriormente, se o foco de teste passa a ser a cobertura no sentido que passei por aqui, é melhor projetar os casos de teste antes de escrever o código e com base na sua especificação. Mas será que usaríamos os mesmos casos de teste para testar as três versões de código abaixo da função fatorial? (exemplos de código fornecidos por Nawwar Kabbani - participante do workshop.)
Com certeza, vendo os três códigos conseguimos pensar em casos de testes que gostaríamos de fazer. Alguns com base na definição do fatorial, outros com base no código que foi apresentado. No último caso a cobertura não vai ajudar em nada.
Para terminar, eu recomendo fortemente o mini curso do Doug Hoffman que participará do Encontro Brasileiro de Testes de Software (IV EBTS) , ele na minha opiniao é um grande praticante com muitas estórias de sucesso sobre testes de software para contar. Seu objetivo é coletar várias estórias para compor um livro que possa ajudar a comprovar os diversos propósitos de testes e sua necessidade para a sobrevivência dos programadores.
A maioria dos programadores e principalmente estudantes norte-americanos dos programas de graduação em Engenharia de Software não acham que precisam testar seus programas com rigor - aqui rigor não significa nem formalismo matemático, nem exaustão, uma vez que é impossível, mas sim uma forma sistemática do programador testar seus programas munido de técnicas apropriadas. A maioria dos programadores dá um tiro no próprio pé fazendo alguns poucos testes aleatórios. Por mais que a universidade tente mostrar a necessidade e que o teste seja também papel do desenvolvedor/programador, os alunos só se convencem disso quando vão para o mercado.
As experiências no ensino de desenvolvimento dirigido por testes (TDD) são frustrantes. A maior parte dos alunos não utiliza a metodologia pois TDD não pode ser considerada um técnica por si só. E uma vez que é apenas uma metodologia, é dificil para os professores exigirem dos alunos a aplicação da mesma. Mesmo sabendo que serão penalizados, os alunos não aplicam o TDD e só criam os casos de teste após terem escrito o código. Estou falando de TDD quando o assunto é teste, mas sabemos que as grandes contribuições de TDD estão na evolução de um bom projeto, no entendimento maior do problema em questão antes da codificação. Desta forma, os alunos que imaginam que só precisam criar casos de teste e que tanto faz antes como depois do código perdem o melhor da metodologia. São os profissionais com essa atitude que chegam ao mercado. Se TDD fosse aplicado desde as primeiras disciplinas de programação, talvez assim os alunos percebessem a
vantagem da abordagem. Algumas universidades americanas vão investir neste caminho.
No passado, teste servia o propósito limitado de detectar erros nos programas. Através da quatidade de erros encontrados no programa era possível derivar dos testes um indicador da qualidade do programa. Esse era o tempo em que os programas eram monolíticos ou compostos de pequenos módulos. Hoje em dia cada componente utilizado é de uma complexidade grande e possui suas próprias características intrínsecas. Princípios de ocultação de informacao e interfaces bem definidas foram aplicados e a engenharia de software se orgulha destes avanços. No entanto, o comportamento de um determinado módulo ou componente precisa ser descoberto pelo programador que usa este módulo ou componente, e a maneira de descobrir este comportamento é através de testes. Muitas vezes a documentação é escassa ou descreve bem o que se espera que o componente faça, mas na verdade o comportamento dele é um pouco diferente. Este propósito do teste de descobrir ou certificar o comportamento dos componentes é completamente diferente do propósito de detectar defeitos. Quais técnicas de teste devem ser usadas neste caso?
Produzir casos de teste relevantes continua sendo o problema mais difícil de se resolver em testes, principalmente no teste considerando o código. Como o Torsten disse anteriormente, se o foco de teste passa a ser a cobertura no sentido que passei por aqui, é melhor projetar os casos de teste antes de escrever o código e com base na sua especificação. Mas será que usaríamos os mesmos casos de teste para testar as três versões de código abaixo da função fatorial? (exemplos de código fornecidos por Nawwar Kabbani - participante do workshop.)
public intfactorial (intn) {
if(n == 0)
return 1;
else
return * factorial(n –1);
}
public int factorial (int n) {
if (n == 0) return 1;
else if (n == 1) return 1;
else if (n == 2) return 2;
else if (n == 3) return 6;
else if (n == 4) return 24;
else if (n == 5) return 120;
else if (n == 6) return 720;
else if (n == 7) return 5040;
else if (n == 8) return 40320;
else if (n == 9) return 362880;
else if (n == 10) return 3628801; // this one looks odd!
else if (n == 11) return 39916800;
else if (n == 12) return 479001600;
else return -1; // or throw an exception..
}
private static final int FACTORIAL_CACHE[] = new int[]
{1, 1, 2, 6, 24, 120, 720, 5040, 40320, 362880,
362801, 39916800, 479001600};
public int factorial (int n) {
return FACTORIAL_CACHE[n];
}
Com certeza, vendo os três códigos conseguimos pensar em casos de testes que gostaríamos de fazer. Alguns com base na definição do fatorial, outros com base no código que foi apresentado. No último caso a cobertura não vai ajudar em nada.
Para terminar, eu recomendo fortemente o mini curso do Doug Hoffman que participará do Encontro Brasileiro de Testes de Software (IV EBTS) , ele na minha opiniao é um grande praticante com muitas estórias de sucesso sobre testes de software para contar. Seu objetivo é coletar várias estórias para compor um livro que possa ajudar a comprovar os diversos propósitos de testes e sua necessidade para a sobrevivência dos programadores.
sexta-feira, 19 de março de 2010
Resultados da pesquisa sobre salários de programadores - parte 1 - dados agregados por estado
Custou, mas começou a sair. Foram 247 respostas distintas (na verdade já são 270, mas eram 247 quando fiz o corte, depois eu atualizo com os novos dados). Nossos agradecimentos a todos que responderam.
Hoje vamos ver os dados agregados por estado. Para criar a visualização, usei a fantástica, sensacional ferramenta gratuita Tableau Public. Não tenho palavras pra dizer o quanto essa ferramenta é legal. Ela permite criar visualizações interativas que você pode incluir no seu site.
O mais importante ao investigar os resultados da pesquisa é saber que não se trata de uma amostragem aleatória e, portanto, não se pode tirar conclusões generalizáveis. Como se pode ver pelo gráfico abaixo, predominaram as respostas vindas de Minas Gerais, o lar do Micos, e da Paraíba, graças ao Guilherme Germoglio que espalhou a notícia. Naturalmente, não podemos dizer que esses dois estados concentram a maioria dos programadores do Brasil.
Dentre os que declararam o local onde trabalham, excluí para esse gráfico todos os que trabalham fora do Brasil e os residentes do Piauí e do Pará, pois cada estado contribuiu com uma única resposta.
O gráfico nos mostra alguns dados interessantes: tanto a média salarial quanto o nível de experiência dos programadores do Nordeste está bem abaixo da média dos de outras regiões. Por outro lado, o nível de satisfação médio é bastante uniforme em todos os estados. Nota-se uma discrepância na média salarial do Distrito Federal, muito acima da média nacional.
Experimentem brincar com o gráfico abaixo selecionando, por exemplo, apenas os programadores que tem graduação, ou apenas aqueles com 3 anos ou menos de experiência.
Semana que vem tem mais.
Hoje vamos ver os dados agregados por estado. Para criar a visualização, usei a fantástica, sensacional ferramenta gratuita Tableau Public. Não tenho palavras pra dizer o quanto essa ferramenta é legal. Ela permite criar visualizações interativas que você pode incluir no seu site.
O mais importante ao investigar os resultados da pesquisa é saber que não se trata de uma amostragem aleatória e, portanto, não se pode tirar conclusões generalizáveis. Como se pode ver pelo gráfico abaixo, predominaram as respostas vindas de Minas Gerais, o lar do Micos, e da Paraíba, graças ao Guilherme Germoglio que espalhou a notícia. Naturalmente, não podemos dizer que esses dois estados concentram a maioria dos programadores do Brasil.
Dentre os que declararam o local onde trabalham, excluí para esse gráfico todos os que trabalham fora do Brasil e os residentes do Piauí e do Pará, pois cada estado contribuiu com uma única resposta.
O gráfico nos mostra alguns dados interessantes: tanto a média salarial quanto o nível de experiência dos programadores do Nordeste está bem abaixo da média dos de outras regiões. Por outro lado, o nível de satisfação médio é bastante uniforme em todos os estados. Nota-se uma discrepância na média salarial do Distrito Federal, muito acima da média nacional.
Experimentem brincar com o gráfico abaixo selecionando, por exemplo, apenas os programadores que tem graduação, ou apenas aqueles com 3 anos ou menos de experiência.
Semana que vem tem mais.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Feliz Dia Internacional da Mulher
Hoje é Dia Internacional da Mulher. Eu já fui defensor ávido e batalhador pelo crescimento do número de mulheres na computação, mas um dia fiquei tão frustrado que desisti publicamente. Só que semana passada a Guta me mostrou uma apresentação super legal da Pamela Fox, do Google, chamada I'm a Barbie Girl in a CS World. Ela fala sobre a experiência dela de ser mulher na computação. Vale a pena conferir. Me fez crer que ainda há esperança.
A Guta achou o link para a apresentação no meio de uma discussão que está acontecendo na lista da Sociedade Brasileira de Computação (sbc-l) sobre a nova boneca Barbie que foi lançada, cuja profissão é Engenheira de Computação. Tem gente que achou bom, tem gente que achou ruim. Eu, pessoalmente, achei a boneca de muito bom gosto e vou comprar duas, uma pra cada uma das minhas filhas.
A Guta achou o link para a apresentação no meio de uma discussão que está acontecendo na lista da Sociedade Brasileira de Computação (sbc-l) sobre a nova boneca Barbie que foi lançada, cuja profissão é Engenheira de Computação. Tem gente que achou bom, tem gente que achou ruim. Eu, pessoalmente, achei a boneca de muito bom gosto e vou comprar duas, uma pra cada uma das minhas filhas.
terça-feira, 2 de março de 2010
Pesquisa sobre remuneração de programadores
Olá caros leitores,
A equipe do Micos de Realejo está escrevendo um grande post sobre o estado atual da remuneração na indústria de software. No entanto, estamos sentindo falta de dados concretos e contamos assim com a colaboração dos leitores.
Elaboramos uma pesquisa curta que deve levar cerca de 3 minutos para responder. A pesquisa é destinada apenas àqueles que de alguma forma trabalham com programação.
A pesquisa é totalmente anônima, todas as questões são opcionais e dados individuais não serão divulgados. Divulgaremos apenas resultados agregados.
Por favor divulguem para seus colegas para que possamos obter uma quantidade significativa de dados para análise.
O link para a pesquisa é: http://bit.ly/9FpAPV
Obrigado,
Torsten
A equipe do Micos de Realejo está escrevendo um grande post sobre o estado atual da remuneração na indústria de software. No entanto, estamos sentindo falta de dados concretos e contamos assim com a colaboração dos leitores.
Elaboramos uma pesquisa curta que deve levar cerca de 3 minutos para responder. A pesquisa é destinada apenas àqueles que de alguma forma trabalham com programação.
A pesquisa é totalmente anônima, todas as questões são opcionais e dados individuais não serão divulgados. Divulgaremos apenas resultados agregados.
Por favor divulguem para seus colegas para que possamos obter uma quantidade significativa de dados para análise.
O link para a pesquisa é: http://bit.ly/9FpAPV
Obrigado,
Torsten
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