quarta-feira, 24 de março de 2010

Resultados da pesquisa sobre salários de programadores - parte 2 - escolaridade

Hoje vamos ver os resultados de escolaridade. O gráfico abaixo mostra o maior grau alcançado por cada participante. Como podemos ver, a grande maioria dos participantes tem graduação em alguma área relacionada à computação. Apenas um dos participantes tinha doutorado e, portanto, não aparece nos resultados. Aliás, isso reforça minha triste suspeita de que há muito poucos doutores no Brasil envolvidos em atividades de programação.

Mais interessante é o gráfico de salários médios. Como podemos ver, o salário médio cresce de acordo com a escolaridade. Parece bom, mas isso nos leva a uma pergunta: quanto vale, por exemplo, um mestrado?

Para responder a essa pergunta, vamos considerar apenas a região Sudeste para reduzirmos os efeitos regionais. A média salarial do graduado no Sudeste é de R$ 3.586,00. Já a média salarial do mestre é de R$ 5.107,00. A diferença é de R$ 1.521,00. Suponhamos que essa diferença se mantenha constante ao longo da carreira. Se o programador obtém o mestrado aos 25 anos e trabalha até os 60 anos, são 35 anos * 12 meses * R$ 1.521,00 = R$ 638.820,00. Ou seja, vale a pena fazer o mestrado, mesmo que você tenha de fazer um empréstimo no banco para pagar.

É claro que não podemos ter certeza que há uma relação causal entre escolaridade e salário - pode ser que haja algum terceiro fator que ao mesmo tempo leva a pessoa a buscar um grau maior de escolaridade e a ter um emprego melhor. Não é garantido que fazer um mestrado ou uma pós vá melhorar seu salário.

Aliás, eu sempre digo isso quando faço em universidades minha palestra sobre o que fazer depois de se formar: um diploma ou outro título te ajuda a conseguir um emprego, mas não te ajuda a ficar nele. Não leva mais do que três meses para um empregador perceber se o diploma é só um pedaço de papel ou se tem valor real.





4 comentários:

  1. Não sei se o seu cálculo sobre o valor do mestrado é correto. Ele assume que o salário dos mestres e dos graduados vai ser constante com o passar dos anos.

    Me pergunto se essa diferença salarial entre mestres e graduados é tão acentuada para profissionais com anos de experiência semelhantes.

    Eu imagino que a curva do salário Versus Idade entre graduados e mestrados deva ser diferente no início, porém provavelmente se aproximem após os 5+ anos de experiência.

    Tentei pegar essa informação usando o Tableau, mas não consegui.

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  2. @Yves, no próximo post vou publicar os resultados de salário versus "anos de experiência" conforme declarado pelos participantes. Uma coisa que me espantou nesse resultado foi que, diferentemente da escolaridade, a correlação entre tempo de experiência e salário é muito pequena, pelo menos na nossa amostra. Aguarde.

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  3. Acho que o mestre tende a ser mais dedicado, estudioso, entusiasta da área que o graduado, *na média*. Isso explicaria parte dos ganhos superiores dos mestres! Não que o graduado não tenha essas qualidades, mas se o cara topou ir pro mestrado, é um indício mais forte de que ele gosta de estudar.

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  4. Na verdade, o título é apenas uma sinalização, e os economistas estão preocupados com o prejuízo para a sociedade:

    http://oyc.yale.edu/economics/game-theory/contents/sessions/session-23-asymmetric-information-silence

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